Paraíso

Entre as pedras e pinhascos, deserto de vidas, vazio do todo, um homem de aproximadamente entre 35 anos e 40, dizia-me e contava-me que aquela era a sua vida entre arranjar uns tractores que utilizam na agricultura, na pouca que ainda subsiste porque os governos foderam-na toda, e tratar da vinha que lhe dá gozo e prazer de trabalhar que todos os anos dá um bom resultado, um bom vinho, até me convidou a provar a sua nova pinga, que ainda não está rigorosamente no ponto de madurecimento mas de facto é uma boa pinga que deve ser apreciada por quem vem de fora, dizia ele.
-Este é o meu paraíso, já não vive aqui gente jovem, fogem todos para a Guarda ou Bragança, outros para Lisboa, mas a minha vida é isto, tenho aqui esta casota para viver com a mulher e os filhos que ainda são pequenos e não é nada fácil criá-los, mas com sacrífico vai-se conseguindo graças a deus, e como vê, isto é parado, quase não há negócio....
O seu tom de voz demonstrava que de facto ele vivia como queria, no silêncio do interior e dos meios pequenos, Aquele casal é feliz, nota-se na forma como conta a sua vida a um forasteiro que apareceu por ali a tentar vender... a humildade e sinceridade transmite a mensagem de tranquilidade!
em Algodres de Figueira de Castelo Rodrigo